Os poluentes atmosféricos podem classificar-se em primários e secundários. Os poluentes primários são emitidos diretamente para a atmosfera pelas fontes de emissão e os secundários são resultantes de reações e transformações entre os poluentes primários na atmosfera.
Diferentes poluentes têm diferentes fontes emissoras, bem como tempos de residência na atmosfera distintos e vários tipos de impactes seja na saúde humana, ecossistemas ou no clima3.
Os poluentes com as evidências mais fortes de preocupação para a saúde pública incluem as PM10 (partículas com diâmetro igual ou inferior a 10µm) e PM2,5 (partículas com diâmetro igual ou inferior a 2,5µm), ozono (O3), dióxido de azoto (NO2) e dióxido de enxofre (SO2).
Fonte: Adaptada de Agência Portuguesa do Ambiente, 2019
As fontes de NO2 podem ser:
Naturais – transformações microbianas nos solos e descargas eléctricas na atmosfera.
Antropogénicas – as principais fontes são os processos de combustão/queima (aquecimento, geração de energia e motores de veículos e navios). Automóvel é a principal fonte em zonas urbanas.
Os óxidos de azoto estão presentes em todos os lugares, como um subproduto da civilização industrial. A maioria das emissões de óxidos de azoto faz-se essencialmente sob a forma de monóxido de azoto (cerca de 90%), transformado em dióxido de azoto pelos oxidantes presentes na atmosfera.
Efeitos na Saúde: lesões nos brônquios e alvéolos pulmonares; aumento da reactividade aos alergénios; bronquite crónica; enfisemas; edema pulmonar se as doses forem elevadas.
Efeitos na Vegetação: danos nos tecidos e redução de crescimento
Efeitos no ambiente: contribuem para a formação de chuvas ácidas
Efeitos nos materiais: danificam polímeros naturais e sintéticos.
As fontes de SO2 podem ser:
Naturais – actividade vulcânica e descargas eléctricas na atmosfera
Antropogénicas – queima de combustíveis fósseis (carvão e petróleo) e fundição de minérios que contêm enxofre. Aquecimento doméstico, geração de energia e veículos motorizados.
Efeitos na Saúde: gás irritante para as mucosas dos olhos e vias respiratórias em concentrações elevadas; pode provocar efeitos agudos e crónicos na saúde humana, especialmente ao nível do aparelho respiratório; pode agravar problemas cardiovasculares; os efeitos são agravados pela presença simultânea do SO2 e de partículas na atmosfera.
Efeitos na Vegetação: alteração dos processos metabólicos tais como redução de crescimento e da actividade fotossintética.
Efeitos no ambiente: contribuem para a formação de chuvas ácidas, com consequente acidificação das águas, solos, lesões nas plantas e desmatamento.
Efeitos nos materiais: corrosão e degradação das edificações.
Ozono (O3)
Formação do O3 – Resultante de reações fotoquímicas envolvendo compostos orgânicos voláteis (COV), óxidos de azoto, oxigénio e luz solar.
Como resultado do seu processo de formação as suas concentrações são normalmente mais elevadas durante o período de Primavera-Verão, especialmente quando a luz solar é forte, as temperaturas elevadas e em situações de vento fraco e estabilidade da atmosfera.
Efeitos na Saúde: penetra profundamente nas vias respiratórias, afectando os brônquios e os alvéolos pulmonares; causa irritações nos olhos, nariz e garganta, seguindo-se tosse e dor de cabeça; os efeitos manifestam-se mesmo para baixas concentrações e períodos curtos.
Efeitos na vegetação: provoca manchas nas folhas; provoca redução de crescimento a partir de certas concentrações e períodos de exposição; completa destruição de culturas mais sensíveis.
Efeitos nos materiais: provoca a degradação de muitos materiais, tais como a borracha, designadamente dos limpa pára-brisa dos automóveis que em atmosferas urbanas poluídas perdem a flexibilidade e quebram facilmente.
As fontes de CO podem ser:
Antropogénicas – essencialmente resultado da combustão incompleta de combustíveis fósseis. Os transportes rodoviários são o sector que mais contribui para as suas emissões; pode ser também formado por oxidação de poluentes orgânicos, tais como o metano; por ser emitido junto ao solo e difundir-se rapidamente na atmosfera, a sua concentração diminui rapidamente longe das fontes de emissão.
Efeitos na Saúde: combina-se com a hemoglobina do sangue de forma irreversível diminuindo a capacidade de transporte do O2 dos pulmões até aos tecidos, causando dificuldades respiratórias e asfixia. A transformação de 50% da hemoglobina em carboxiemoglobina pode conduzir à morte. Diminui a perceção visual, a capacidade de trabalho e a destreza manual.
Partículas (PM)
As partículas podem ser:
primárias, quando são emitidas por fontes poluidoras; secundárias, quando se formam na atmosfera como resultado de reacções químicas entre outros poluentes.
Consistem numa mistura complexa de partículas sólidas e líquidas de substâncias orgânicas e inorgânicas suspensas no ar.
Os principais componentes das PM são sulfato, nitratos, amónia, cloreto de sódio, carbono negro, poeira mineral e água.
Fontes Naturais: vulcões; aerossóis marinhos; acção do vento sobre o solo e fogos florestais.
Fontes Antropogénicas: queima de combustíveis fósseis; processos industriais e tráfego rodoviário, construção civil e atividades agrícolas.
Efeitos na Saúde: Dependem tanto da dimensão como das características físicas e químicas das partículas. As PM10 podem causar vários problemas de saúde: irritação nasal, tosse, bronquite, asma. As PM2,5 podem penetrar profundamente nas vias respiratórias e atingir os alvéolos pulmonares, provocando dificuldades respiratórias e por vezes danos permanentes.
Efeitos no Clima: podem influenciar o clima ao absorverem e difundirem a radiação solar; intervêm no ciclo da água (formação das nuvens, nevoeiros e precipitação).
Efeitos na Vegetação: podem interferir na fotossíntese e causar danos nas plantas.
Efeitos nos Materiais: podem provocar corrosão dos edifícios e de outros materiais.
Outros
Compostos Orgânicos Voláteis
(COV)
Podem ser emitidos por vários produtos ou itens da vida contemporânea, desde a queima de gasolina ou carvão até solventes, colas, tintas e vernizes, produtos de limpeza a seco, etc.. Têm efeitos na saúde e no ambiente.
Benzeno (C6 H6)
É um solvente industrial emitido por fontes variadas, incluindo a atividade industrial, escapes dos veículos, estações de serviço e fumos da combustão da madeira e do tabaco. Os efeitos tóxicos agudos mais relevantes observam-se no sistema nervoso central, pulmão, olhos e pele enquanto os crónicos são alterações neurológicas e psicológicas.
Metais Pesados
São provenientes de processos industriais, como a depuração de metais e a galvanoplastia, a incineração de resíduos e a queima do carvão em centrais elétricas (mercúrio). O mercúrio é extremamente nocivo para a saúde humana sob qualquer forma, e pode espalhar-se por terra, solo, ar e água.
Amónia (NH3)
A amónia tem numerosos usos industriais e domésticos. É libertada pelos resíduos animais e pelos adubos. A amónia é um produto químico perigoso, corrosivo para a pele, olhos, vias aéreas superiores e pulmões